O mapeamento das hortas na Planta de Júlio Vieira da Silva Pinto

 


Entre 1904 e 1911, Júlio Vieira da Silva Pinto, funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, venceu o concurso público destinado à realização de um levantamento cartográfico de toda a área do município.

 

Este trabalho visava dotar a Câmara Municipal de um documento que traduzisse a extensão total da cidade (aumentada com a assimilação dos antigos municípios de Belém e dos Olivais) e equiparar-se ao detalhado levantamento feito por Filipe Folque, em meados do século XIX e, naturalmente, desatualizado.

 

Foram aprovadas condições excecionais para a esta obra, iniciada provavelmente no ano de 1905, como a obrigatoriedade de acesso a espaços interiores e privados.

 

 

Apesar de não se conhecer a legenda original da planta, as arquitetas Teresa Marat-Mendes e Patrícia Bento d'Almeida (consultoras científicas da exposição) desenvolveram um trabalho de investigação que constata que os edifícios públicos foram coloridos a negro e os civis pintados a cinzento, e que permite considerar que as áreas preenchidas a azul claro são vinha e as parcelas contornadas a amarelo são hortas.

 


As duas folhas originais do levantamento expostas na exposição permitem reconhecer as hortas dos logradouros da zona do Rato e as hortas prisionais da Penitenciária de Lisboa, no topo do Parque Eduardo VII.

COMPOSTAR, COMPOSTAR


O sistema de compostagem do Museu de Lisboa-Palácio Pimenta permite uma gestão mais eficiente e sustentável dos resíduos orgânicos produzidos neste local.

No compostor depositam-se os resíduos do jardim, da mata e do relvado. Por ação de microrganismos, as folhas, os ramos e a relva, são transformados em composto que pode ser utilizado para melhorar a composição do solo.




No vermicompostor colocam-se resíduos alimentares, como restos de frutas e vegetais, que minhocas e microrganismos convertem num adubo natural rico em nutrientes e muito benéfico para as plantas - o húmus de minhoca. Outro produto deste processo é o chorume de minhoca, um líquido que, diluído, pode ser usado como biofertilizante.




Reduzindo a exportação de resíduos e a dependência de fontes externas de adubos, o Museu de Lisboa diminui a sua pegada ecológica.

O compostor do Palácio Pimenta foi desenvolvido pela startup 2Adapt - Serviços de Adaptação Climática e pelo atelier de arquitetura PARTO e integra-se numa estratégia de sustentabilidade que tem vindo a ser implementada pelo Museu de Lisboa. 

ROTA DA CARAVANA AGROECOLÓGICA



𝐂𝐚𝐫𝐚𝐯𝐚𝐧𝐚 𝐀𝐠𝐫𝐨𝐞𝐜𝐨𝐥𝐨́𝐠𝐢𝐜𝐚 𝐩𝐞𝐥𝐚𝐬 𝐇𝐨𝐫𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐋𝐢𝐬𝐛𝐨𝐚 ⟡ 𝟏𝟒 𝐍𝐎𝐕 ⟡ 𝟗𝐇𝟑𝟎-𝟏𝟓𝐇𝟑𝟎 ⟡ 𝟏𝟓€
Da horta escolar da Escola Básica e Jardim de Infância de SANto António, à horta comunitária da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa , a Caravana Agroecológica - Portugal leva-nos por um percurso pedonal por três hortas urbanas que se localizam nas imediações do Museu de Lisboa - Palácio Pimenta. Este passeio culmina num almoço preparado pela Kitchen Dates
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Preencha este formulário para participar: https://bit.ly/caravana-agroecologica.



O COMÉRCIO DE ERVAS MEDICINAS EM LISBOA




Pharmacopeia Geral Para o Reino, E Domínios de Portugal. Publicado por ordem da Rainha Fidelíssima D. Maria I, Tomo I Elementos de Pharmacia
1824
Museu da Farmácia - 000091


Em 1704, publicou-se a Pharmacopeia Lusitana, de D. Caetano de Santo António. A obra foi a primeira edição em português e escrita por um boticário nacional.

Contudo, o conhecimento da flora portuguesa e das suas aplicações medicinais, não estava difundido, nem sistematizado.

Várias décadas antes, o alemão Gabriel Grisley publicou Desengano para a Medicina, tentando resgatar as "ervas caídas em desprezo" e corrigir os "enganos". Em 1661, publicou ainda Viridarium Lusitanicum, considerado o único livro de botânica sobre Portugal, onde o autor herborizou mais de duas mil plantas, das quais um terço seriam inéditas e desconhecidas de outros autores.

É certo que o já mencionado desconhecimento justificava o comentário do naturalista francês Merveilleux, em 1738:

«A serra de Sintra [...] produz grande número de plantas, curiosas e invulgares, de que os portugueses não tiram vantagem nem sequer pensam nisso [...]. Para mostrar a crassa ignorância dos portugueses basta dizer que mandam vir da Holanda as bagas de zimbro de que necessitam, quando as suas serras estão cheias delas, particularmente a famosa serra da Estrela de que adiante falarei».

No século XVIII, a par dos boticários e das boticas conventuais, o Rossio era o principal local de venda de ervas medicinais, colhidas nas terras campestres e serranas.

Comprava-se a erva-das-sete-sangrias (para as febres) aos homens que trazem o tojo para os fornos de pão da cidade, por serem os que a conheciam.

Colectores de ervas, ervanários e boticários transacionavam as plantas medicinais, sem conhecimentos em botânica, o que permitia enganos na terapêutica.

É muito provável que esta prática remontasse ao século XVII, conforme refere Gabriel Grisley, no Desengano:

«Da liberdade de poder cada hu᷉ vender as ervas cõ o nome q᷄ quizer, nasce este confuso engano; de q᷄ se segue necessariò o desprezo, q᷄ he o maior obstáculo para hauer curiosos; se quẽ vẽde naõ estiver visto na matéria, facilmẽte fica enganado quẽ cõpra; resultando disso hu᷉ prejuízo euidente em matéria de tãta estima, como a saúde; pello q᷄ se pede, & merece hauer nisto, hu᷉a cautella mui cuidadosa, igual ao menos à que se tem em que se não vendão mantimentos danosos».