OITO HORTAS VERTICAIS PARA A CIDADE


Em Lisboa, os modelos de produção hortícola não se esgotam nos parques hortícolas que têm vindo a marcar, desde 2011, a paisagem da cidade. Outras propostas de intervenção têm surgido de uma reflexão sobre as questões da soberania e segurança alimentar, da sustentabilidade alimentar das cidades e dos circuitos curtos agroalimentares. Mas também da importância das hortas urbanas na gestão sustentável do espaço público.

 

O Atelier Parto desenvolveu para esta exposição uma proposta de um sistema de hortas verticais, pré-fabricadas em aço e policarbonato com custos e manutenção reduzidos.
As estruturas modulares, extensíveis e flexíveis, adaptam-se a espaços disponíveis e expectantes com diferentes configurações morfológicas e sociais. Zonas de cultivo ao ar livre complementam as soluções verticais, convocando as diversas comunidades e respondendo às suas necessidades. 


@Daniela Araújo


Os oito casos de estudo apresentados na maqueta salientam o papel do arquiteto na transformação de Lisboa numa cidade mais sustentável. Seja num hospital, num estabelecimento prisional, numa escola ou na vizinhança de um bairro. Para descobrir no Pavilhão Preto.


@José Avelar

BOMBAS DE SEMENTES



As bombas de sementes foram inventadas pelo agricultor japonês Masanobu Fukuoka que defendia o cultivo sustentável sem mobilização do solo e sem recurso a pesticidas ou fertilizantes de síntese. 

Consistem numa mistura de argila, substrato vegetal, sementes e água e são utilizadas em terras onde o agricultor não quer ou não pode mobilizar o solo de forma intensa ou em lugares de difícil acesso.

As bombas de sementes têm sido usadas pelos chamados grupos de guerrilha gardening para transformar áreas incultas na malha urbana em jardins alimentares. Fazem uso dos conceitos de explosão e dispersão para um fim regenerador.

No Pavilhão Preto, 500 bombas de sementes foram suspensas num dispositivo que será desmontado a 19 de setembro de 2021, dia de encerramento da exposição. Nessa data, cada visitante poderá levar consigo um exemplar para utilizar num local à sua escolha, seja num descampado à  beira da estrada, num vaso de uma varanda e na horta do quintal, ou junto a uma árvore no passeio. 


@José Avelar


 AS HORTAS DE FRANCISCO ISIDORO VIANA

Francisco Isidoro Viana, o fundador da Casa Bancária Fonsecas, Santos e Viana (que, mais tarde viria a ser o Banco Fonsecas & Burnay), nasceu em 1822, em Lisboa, e morreu em 1900, na mesma cidade.

Deixou aos seus quatro filhos uma propriedade consideravelmente extensa, composta por várias quintas, delimitada pela Estrada de Entrecampos e a antiga Estrada do Rego, prolongando-se muito para lá da atual Avenida Cinco de Outubro e da Praça de Entrecampos.

Porque a filha primogénita se casou com o segundo conde de Caria, parte da propriedade desta família foi cartografada e identificada como terrenos desse titular, em Entrecampos e junto à Estrada de Malpique, confinando com a antiga Quinta do Pimenta.

Esta Quinta do Viana (ou do Vianinha, como lhe chamou Norberto de Araújo), era composta pela quinta, jardins e palácio dos Viana, pela Quinta da Azinhaga do Ferro e outras parcelas de terrenos, integrando várias casas e pátios arrendados, hortas, terras de semeadura, vinha e um pequeno olival na parcela atrás do chafariz de Entrecampos.

A propriedade foi expropriada aos herdeiros de Viana em 1900 e em 1902 e, nos seus terrenos, já anteriormente recortados por um troço da linha de caminho de ferro, e onde se havia instalado o Mercado Geral de Gados, foi executado parte do projeto concebido por Ressano Garcia.

A poente do Mercado de Gados e da atual Avenida da República, localizava-se a Quinta do Ferro (ou Quinta da Azinhaga do Ferro), que incluía uma horta contígua com outros terrenos do mesmo proprietário: a Horta da Gaga (com 27.301 de hortas e 32.995,5 de terras de semeadura), a Horta da Corada ( 12.434), a Horta do Cocheiro (5.525,5 ), a Horta da Santa (6.160,5), a Horta da Rebeca 3,536 de horta e 1.716de edificações) e a Horta do Miguel (33.114,5 ).


O segundo talhão da antiga Horta do Miguel, a partir da planta 10N do Levantamento Topográfico de Silva Pinto, produzida em maio de 1908 (original do Arquivo Municipal de Lisboa, PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/05/03/141). Mário Nascimento, novembro de 2020.

 

Em 1908, seis anos depois da expropriação, parte da vinha, terras de semeadura e hortas da Quinta da Azinhaga do Ferro, bem como as hortas do Miguel, da Corada e da Gaga ainda se mantinham como espaço de cultivo hortícola.

Por volta de 1910, o fotógrafo Joshua Benoliel capturou um momento de trabalho numa parcela da antiga Horta do Miguel, possivelmente no segundo talhão a contar da avenida António Maria de Avelar (atual avenida Cinco de Outubro), conforme cartografia de Silva Pinto. Do conjunto de imagens produzidas por esse autor, estas hortas eram relativamente grandes, dedicadas sobretudo a uma produção vocacionada para o comércio hortícola.


[Horta do Miguel/ Quintas do Viana]
Joshua Benoliel
c. 1910
fotografia
Arquivo Municipal de Lisboa 
JBN001757


 UMA HORTA EM CASA


A exposição Hortas de Lisboa. Da Idade Média ao século XXI fez-se, e continua a fazer-se, de muitas parcerias.  Com a IHT (Innovative Home Technology), as hortas CGarden chegaram ao Museu de Lisboa.   

Sustentáveis e baseadas nos ciclos e processos da natureza, integram sistemas de recolha e armazenamento de água, compostagem, fertilização e rega automática com recurso a energia solar.  

São hortas biológicas que podemos ter nas nossas varandas, terraços ou quintais para produzir frutas, hortícolas, ervas aromáticas e flores comestíveis.

Para descobrir no relvado do Palácio Pimenta.