A QUINTA DO JACINTO


Hortas das casas económicas da Rua N.º 5 do Bairro da Quinta do Jacinto, Alcântara
Roiz, Lda.
Década de 1940
Arquivo Municipal de Lisboa
ROZ000027

O Bairro da Quinta do Jacinto em Alcântara deve o seu nome a Jacintho Gonçalves que, ainda no século XIX, instalou nesse local periférico as cocheiras da sua empresa de transporte de mercadorias e passageiros. 

Na década de 1940, o bairro constituiu uma das primeiras realizações da Câmara Municipal de Lisboa para alojar populações carenciadas, que não reuniam condições materiais para aceder às Casas Económicas ou de Renda Económica.

Este projeto das “Casas para as Classes Pobres”, do arquiteto António Couto Martins (que viria a ser chefe de terceira repartição de Arquitetura da Câmara Municipal de Lisboa na década de 1960), teve várias fases. A primeira, iniciada em 1945, correspondeu à construção de moradias familiares, nas ruas nº3 e nº5 do bairro municipal, adiando-se a construção de prédios de habitação coletiva, tidos como contrários "à "tradição" do País e ao "feitio" dos Portugueses" para as fases seguintes, em que construir-se-iam prédios de habitação de quatro pisos.

Inspiradas no arquétipo da casa portuguesa, as habitações unifamiliares, de uma a quatro divisões, foram projetadas para terem espaços ajardinados junto à fachada. No frontispício da pasta de arquivo do projeto de António Couto Martins a ilustração revela uma expectativa formal de ocupação desses espaços. No entanto, as fotografias registadas nos anos seguintes foram mostrando outras apropriações. As sebes de arbustos ornamentais começavam a ser invadidas por pés de milho, tomates, abóboras, videiras e árvores de fruto. 

A aldeia urbana ganhava outros contornos revelando as origens e a condição socioeconómica de uma classe trabalhadora que aproveitava os espaços expectantes nas imediações das suas habitações para semear e plantar o que mais necessitava: comida. 


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