AS HORTAS DE FRANCISCO ISIDORO VIANA

Francisco Isidoro Viana, o fundador da Casa Bancária Fonsecas, Santos e Viana (que, mais tarde viria a ser o Banco Fonsecas & Burnay), nasceu em 1822, em Lisboa, e morreu em 1900, na mesma cidade.

Deixou aos seus quatro filhos uma propriedade consideravelmente extensa, composta por várias quintas, delimitada pela Estrada de Entrecampos e a antiga Estrada do Rego, prolongando-se muito para lá da atual Avenida Cinco de Outubro e da Praça de Entrecampos.

Porque a filha primogénita se casou com o segundo conde de Caria, parte da propriedade desta família foi cartografada e identificada como terrenos desse titular, em Entrecampos e junto à Estrada de Malpique, confinando com a antiga Quinta do Pimenta.

Esta Quinta do Viana (ou do Vianinha, como lhe chamou Norberto de Araújo), era composta pela quinta, jardins e palácio dos Viana, pela Quinta da Azinhaga do Ferro e outras parcelas de terrenos, integrando várias casas e pátios arrendados, hortas, terras de semeadura, vinha e um pequeno olival na parcela atrás do chafariz de Entrecampos.

A propriedade foi expropriada aos herdeiros de Viana em 1900 e em 1902 e, nos seus terrenos, já anteriormente recortados por um troço da linha de caminho de ferro, e onde se havia instalado o Mercado Geral de Gados, foi executado parte do projeto concebido por Ressano Garcia.

A poente do Mercado de Gados e da atual Avenida da República, localizava-se a Quinta do Ferro (ou Quinta da Azinhaga do Ferro), que incluía uma horta contígua com outros terrenos do mesmo proprietário: a Horta da Gaga (com 27.301 de hortas e 32.995,5 de terras de semeadura), a Horta da Corada ( 12.434), a Horta do Cocheiro (5.525,5 ), a Horta da Santa (6.160,5), a Horta da Rebeca 3,536 de horta e 1.716de edificações) e a Horta do Miguel (33.114,5 ).


O segundo talhão da antiga Horta do Miguel, a partir da planta 10N do Levantamento Topográfico de Silva Pinto, produzida em maio de 1908 (original do Arquivo Municipal de Lisboa, PT/AMLSB/CMLSB/UROB-PU/05/03/141). Mário Nascimento, novembro de 2020.

 

Em 1908, seis anos depois da expropriação, parte da vinha, terras de semeadura e hortas da Quinta da Azinhaga do Ferro, bem como as hortas do Miguel, da Corada e da Gaga ainda se mantinham como espaço de cultivo hortícola.

Por volta de 1910, o fotógrafo Joshua Benoliel capturou um momento de trabalho numa parcela da antiga Horta do Miguel, possivelmente no segundo talhão a contar da avenida António Maria de Avelar (atual avenida Cinco de Outubro), conforme cartografia de Silva Pinto. Do conjunto de imagens produzidas por esse autor, estas hortas eram relativamente grandes, dedicadas sobretudo a uma produção vocacionada para o comércio hortícola.


[Horta do Miguel/ Quintas do Viana]
Joshua Benoliel
c. 1910
fotografia
Arquivo Municipal de Lisboa 
JBN001757


Sem comentários:

Enviar um comentário