HORTA DE LISBOA - UMA FOTOGRAFIA INÉDITA DOS JARDINS DE ENSAIOS DE FREDERICO DAUPIAS
Frederico Daupias nasceu em Lisboa, em 1839, e faleceu na cidade de Paris, em 1928. Descendia de Jácome Ratton, o comerciante que relatou com pormenor e colorido, nas suas memórias, o Terramoto de 1755. Era, também, sobrinho do conde de Daupias, reputado colecionador de arte, industrial e filantropo, proprietário da Horta Navia, em Alcântara.
Daupias foi o proprietário da Casa de Sementes Frederico Daupias, na Rua Nova do Carmo (atual Rua do Carmo) e dos Jardins de Ensaios, na Rua do Arco (atual Rua do Arco a São Mamede). Os Jardins de Ensaios foram idealizados como espaço de experimentação hortícola, mas também como recinto de exposições de floricultura, iniciadas em 1896 e com uma periodicidade anual. A primeira exposição, dedicada aos crisântemos, testemunha o papel pioneiro de Daupias na introdução desta moda em Portugal. Anos mais tarde, em 1907, fez construir nos Jardins um chalet.
Na segunda imagem, assinalam--se referências determinantes para a identificação e localização dos Jardins de Ensaio. O primeiro plano apresenta algumas couves e arbustos ornamentais floridos. À sua esquerda, mas num plano de fundo de grande proximidade, os prédios da Rua de São Bento e o arranque da íngreme Travessa de Santa Quitéria (letra B), podendo ver-se as torres sineiras da igreja de Santa Isabel (letra A).
Ao fundo da Rua de São Bento, identifica-se, ainda, a atalaia ou mirante da antiga quinta do Biaggi (letra C), mais abaixo, a fachada lateral do Convento das Trinas do Rato (letra F) e, descendo a Rua de São Bento, reconhece-se a fachada rematada por um telhado de duas águas do atual número 315 (letra D).
Por fim, e retomando o ponto da letra B, o cruzamento da Travessa de Santa Quitéria, vislumbra-se o leito da Rua do Arco, subindo em direção à margem direita. A fotografia não permite ver os arcos do aqueduto, mas ainda se consegue ver um barracão que se sabe ter estado encostado a este troço do aqueduto, no lado direito de um pátio (letra E) e que se pode confirmar no pormenor do levantamento dos Goullard (terceira imagem).
NOTA
Frederico Daupias ocupa, com Francisco Simões Margiochi, lugar de destaque no núcleo da exposição dedicado aos horticultores de oitocentos, mas também na programação associada. Consulte-se a edição das Conversas da Exposição do dia 9 de março, dedicada aos horticultores de oitocentos, que teve como convidada Ana Duarte Rodrigues, consultora científica da exposição (https://www.facebook.com/museudelisboaEGEAC/videos/901840303940734), assim como a próxima rúbrica À Mesa com o Museu de Lisboa, no dia 28 de maio, às 20h, no Facebook do Museu de Lisboa.