BANCOS PRIVATIVOS DE SEMENTES


Quando Adelino comprou aquele prédio, o logradouro alojava gato, monos e problemas. Esperou o tempo suficiente para concluir que teria de arregaçar as mangas se quisesse tornar aquele pedaço de chão, que mal se via, numa horta produtiva de onde pudesse tirar hortícolas e fruta saudável. Como se estivesse na sua aldeia de Monsanto. De lá trouxe muitos pés, muitos enxertos e muitas sementes, algumas delas doadas pela sua família. Constituiu, ao longo do tempo, o seu banco privativo de sementes.



"As sementes, quer ver? Estas são compradas, e estas são ofertas de pessoas amigas. Abóbora, pepino, coentros, mais coentros, feijão daquele de trepar, espinafre da Nova Zelândia,  melancia, meloa, manjericão, tudo identificado, nabo espanhol, este nabo é muito bom. Isto é “Nabiça da Maria da Luz”, que é a cunhada da minha irmã que está lá a fazer a horta. Semente da Isabel, “Cebola valenciana, semear cedo”, “Cebola normal da Maria”, “Nabo especial da Maria”, Olhe, tenho aqui semente de couve lá de cima de Monsanto e uma outra, mas não consigo diferenciar. Uma é couve naba e outra é uma couve que temos lá em cima que no Natal está toda repolhuda. São muito parecidas. Perdi-lhes o rasto e tenho de arranjar maneira de dar a volta a isto. Tenho mais sementes, tenho ali mais.  Aqui tenho “Semente de nabiça do Senhor José” meu vizinho aqui do lado. Feijão maravilha de Piemonte, anão, baixinho, é muito bom para sopa; é um espetáculo. Aqui é tudo alfaces, estas todas, vou pondo. Agora...agora estamos na altura de plantar!"



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