AS HORTAS DA QUINTA DOS PEIXINHOS
Na segunda metade do século XIX, partindo do Campo da Parada (na Graça) e caminhando pela Estrada da Penha de França, surgia, poucos metros depois, um vale aberto, com vista sobre o Tejo, conhecido como Vale Escuro.
Esse vale permaneceu, até aos anos 40 do século XX, como um conjunto de terras rurais de antigas quintas que esperavam a concretização de projetos camarários. Apesar deste impasse, nos anos 20, o município autorizara a construção de pequenas casas ao longo da principal artéria do vale: o Caminho da Quinta dos Peixes (mais tarde, rebatizado Caminho da Quinta dos Peixinhos).
Em 1944, Eduardo Portugal fotografou ainda um vale aberto, com algumas hortas, mas, em meados do século XX, dada proximidade aos bairros operários da Graça, Sapadores e Penha de França, os terrenos foram gradualmente ocupados com construções clandestinas, sem saneamento básico, nem água canalizada ou eletricidade.
Apesar dos terrenos terem pertencido a várias outras quintas (Quinta do Judeu, Quinta do Meio, etc.), talvez porque o topónimo Caminho da Quinta dos Peixinhos se devesse à última das quintas do seu percurso, o bairro clandestino ficou conhecido como Quinta dos Peixinhos.
Aqui se alojaram maioritariamente famílias oriundas do Minho, que replicaram sociabilidades das suas aldeias, retalharam os terrenos das imediações e cultivaram hortas que foram essenciais para a sua alimentação.
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