A HORTA DO PALÁCIO PIMENTA
Em 1914, o engenheiro Jorge d'Ávila Graça e Honorina de
Morais Graça adquiriram uma parcela da antiga quinta do Pimenta, constituída
por um palácio setecentista (atual núcleo sede do Museu de Lisboa), com o seu
jardim formal, pomar, terra de cultivo e um quintalão. Cerca de seis anos
antes, Júlio António Vieira da Silva Pinto tinha cartografado a propriedade e
demarcara a existência de hortas num espaço murado a norte do palácio - o
quintalão - e na parcela que se prolongava, fora desse espaço murado, para
oeste. A identificação feita por Silva Pinto manteve-se até ao momento da
escritura, como se pode ler na planta que acompanhou esse ato notarial: a letra
E correspondendo ao espaço de um pomar (no lado esquerdo) e horta (no lado
direito).
Quinta das Palmeiras […], 1914. Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Durante o período de obras que precedeu a instalação da família, o
pomar deu lugar a um pequeno bosque ou mata e a horta/terra de semeadura
integrou um campo de ténis. O quintalão manteve a sua vocação de espaço de
cultivo hortícola, a par de outras atividades de apoio ao funcionamento da
casa, como a lavagem das roupas, ou da quinta.
Em 1952, o fotógrafo Mário Novais registou algumas imagens do
edifício e dos jardins e, numa fotografia da fachada norte, é possível
identificar milho e couves greladas. A prática hortícola ter-se-á prolongado
até à venda do palácio à Câmara Municipal, em 1962. Durante a primeira fase de
obras de adaptação do palácio a Museu da Cidade, ainda grelavam couves nesta
morada.
Palácio Pimenta, Mário Novais, [1952], Museu de Lisboa.
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